Atenção, jornalista, se você entrou com pedido de recálculo da aposentadoria – a chamada “revisão da vida toda” – e receber uma mensagem informando que sua ação foi considerada procedente, desconfie. Mas, principalmente, não forneça dados bancários, nem repasse qualquer valor solicitado. Antes de tomar qualquer decisão, entre imediatamente em contato com o escritório de advocacia contratado para acompanhar seu processo. São grandes as chances de que você tenha sido alvo de uma tentativa de golpe.

Cada vez mais treinadas, as quadrilhas de falsários usam de artifícios diversos para aplicar golpes. “Por isso é preciso muito cuidado”, alerta o advogado Vitor Ilir, especializado em advocacia previdenciária e parceiro do Sinjorba nas ações de revisão das aposentadorias dos jornalistas. Como medida de precaução, ele recomenda atenção nas tratativas por aplicativo de mensagens. “Se for inevitável, que o cliente se certifique de que o número do telefone é realmente o do profissional contratado.”, observa.

Outros cuidados: “Não fornecer dados bancários e jamais, em hipótese alguma, envie valores a título de pagamento de custas ou de honorários”, reforça Ilir.

TENTATIVA DE GOLPE

E foi por ser cautelosa que a jornalista Jaciara Santos, integrante da Comissão de Ética do Sinjorba, escapou de cair em um desses golpes. Na tarde da quinta-feira (31), ela recebeu, via aplicativo de mensagens, um comunicado referente a um processo que movera dois meses antes contra o INSS. O texto, supostamente enviado pelo escritório de advocacia parceiro do sindicato, informava sobre o ganho da causa e pedia que a litigante entrasse em contato por determinado número de telefone. De preferência, via WhatsApp, uma vez que o advogado poderia estar em audiência e sem condições de falar no momento.

Embora cética, a jornalista ligou, mas a chamada caiu numa caixa postal. Deixou recado e resolveu enviar uma mensagem de texto. Para sua surpresa, o retorno foi imediato. Após um rápido diálogo (veja prints abaixo), o “advogado” enviou o “alvará de liberação”, um documento tosco, recheado de erros ortográficos. Ao se deparar com a frase “Os altos (sic) foram encaminhados pelo (TJBA) a (sic) Vara da Fazenda…”, a jornalista não teve mais dúvidas. Estava em meio a uma tentativa de golpe. Sem disposição para prosseguir, provoca: “É agora que você vai me dizer pra mandar um valor referente aos seus honorários?”. Decidido a manter a farsa, o suspeito responde: “Depois nós veremos isso”.

Já com o alerta ligado, Jaciara diz que prefere dar continuidade ao atendimento de forma presencial. A resposta é um “ok”, lacônico. E, como num passe de mágica, todas as mensagens enviadas são apagadas. Por sorte, algumas haviam sido printadas.

Com base nessa experiência, a jornalista orienta os colegas a detectarem alguns sinais de fraude. Como erros ortográficos gritantes e recomendação para entrar em contato via WhatsApp: “Logo na primeira mensagem, o texto fazia referência ao escritório de ‘Advocacia ‘Previdênciaria’”, conta. “E por que desestimulou o contato telefônico? Para não correr o risco de ser desmascarado pela voz!”, acredita e reforça: “Nada de conversa por zap. Insista em falar por telefone ou presencialmente, no escritório”.

E, fazendo coro às orientações do advogado previdenciarista Vitor Ilir, Jaciara reforça: “Nunca, em hipótese alguma, forneça qualquer dado pessoal nem envie valores solicitados”.