O Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado da Bahia (Sindprev-BA) realizou, nesta quarta-feira (11), um seminário voltado ao enfrentamento da violência contra a pessoa idosa. O evento foi aberto pela coordenadora Lucivaldina Brito, que destacou a importância da atividade como ferramenta de conscientização sobre os direitos da população idosa. “É preciso abrir espaços para o diálogo, para que as pessoas idosas reconheçam seus direitos e saibam onde e como buscar apoio”, afirmou.

A psicóloga Isabele Santana, especializada em Gerontologia, participou da programação e destacou que um dos principais pontos trazidos pelo público foi a ausência de políticas públicas efetivas de acolhimento. “As maiores queixas são sobre a falta de assistência, especialmente em casos de violência familiar e em ambientes públicos, como ônibus e locais de convivência. As pessoas se sentem desamparadas e sem ter a quem recorrer”, disse.

Isabele também enfatizou a importância da educação gerontológica, sobretudo nas escolas, como caminho para mudar a forma como a sociedade enxerga e trata seus idosos. “As novas gerações precisam aprender a conviver e a respeitar as mais velhas. A escola pode e deve ser um espaço para isso. É preciso discutir que a avó não é apenas alguém que cuida, mas alguém que também merece cuidado, respeito e valorização”, completou.

Outro ponto sensível abordado por Isabele foi a violência dentro de casa. Segundo ela, a linha entre cuidado e abuso muitas vezes é ultrapassada, especialmente quando há invalidação da autonomia da pessoa idosa ou abuso financeiro. “Esse tipo de violência é uma das principais causas de depressão em idosos”, alertou.

Lúcia Guedes Rios, representante do Fórum Permanente de Defesa do Direito da Pessoa Idosa, chamou atenção para a violência simbólica — aquela que, por ser sutil, muitas vezes passa despercebida. “É um tipo de violência que adoece silenciosamente. Falar mal, julgar ou interferir na vida do outro de forma desrespeitosa são atitudes que ferem, mesmo sem deixar marcas visíveis”, afirmou.

Para Maria Almeida, da Secretaria de Idosos e Aposentados do Sindprev, o evento teve como principal objetivo despertar a atenção dos filiados e da sociedade para os vários tipos de violência que atingem essa população. “Queremos que os idosos saibam reconhecer essas situações, que se sintam fortalecidos para buscar ajuda e que possam também orientar familiares e amigos em situação semelhante”, explicou.

Valdete Francisca, também da Secretaria de Aposentados do sindicato, abordou durante sua fala o avanço das legislações voltadas à proteção da população idosa. Ela destacou a política de cuidados e o projeto “Famílias que Cuidam”, voltado ao suporte para idosos assistidos por parentes. “O envelhecimento é uma realidade crescente no Brasil. Precisamos de políticas que garantam assistência digna, principalmente na saúde. Muitos idosos não conseguem sequer sair de casa e precisam ser atendidos onde estão”, defendeu.

O seminário reforçou a urgência de ampliar as políticas públicas de prevenção, assistência e valorização da pessoa idosa, além da importância de ações educativas que promovam o respeito intergeracional e a construção de uma cultura de cuidado e dignidade.