
O Centro de Convenções de Salvador recebe, nesta terça-feira (9), o 27º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF), considerado o maior evento anual da categoria no país. A programação reúne mais de 10 mil participantes, entre enfermeiros, técnicos, auxiliares e estudantes, que juntos somam cerca de 3 milhões de profissionais no Brasil.
O congresso conta com seminários, oficinas e mais de 36 cursos, abordando desde a atualização científica até a valorização profissional da enfermagem. Para os representantes sindicais e de entidades nacionais, o encontro se consolida como espaço estratégico de articulação política e fortalecimento da categoria.
Alindai Santana, do Sindprev, destacou o papel dos Conselhos de Enfermagem (Cofen e Corens) na defesa dos trabalhadores:
“A atuação conjunta tem sido crucial para a valorização da classe e para o reconhecimento da importância da enfermagem na sociedade. O congresso é um espaço de debate sobre o futuro da profissão, mas também um momento para refletir sobre os desafios da categoria, como a sobrecarga de trabalho e a desvalorização salarial.”
Já Lindalva de Jesus, também do Sindprev, reforçou a relevância da luta política para a consolidação de pautas históricas:
“Este ano, o congresso inclui um seminário sobre políticas públicas, com destaque para a PEC 19, que propõe jornada de 30 horas semanais. A enfermagem é uma ciência do cuidado em tempo integral e a redução da carga horária é essencial para garantir qualidade e saúde aos profissionais.”
Na mesma linha, Isabel Cristina, da CNTSS, enfatizou a necessidade de união em torno do Fórum Nacional da Enfermagem:
“O objetivo é organizar a luta pelo Piso Salarial Nacional e pela jornada de 30 horas semanais. Hoje, a PEC-19 busca corrigir falhas na aplicação do piso, enquanto o debate das 30 horas continua no Congresso Nacional.”
Para Solange Caetano, presidente da Federação Nacional dos Enfermeiros e coordenadora do Fórum Nacional da Enfermagem, a valorização profissional ainda é um desafio central:
“Apesar de sermos reconhecidos como essenciais, principalmente durante a pandemia, enfrentamos sobrecarga, dupla jornada e adoecimento físico e mental. A enfermagem precisa de valorização real, com piso garantido e condições dignas de trabalho.”
Do Fórum Baiano de Enfermagem, Lúcia Duque chamou atenção para pautas além da jornada e do piso:
“Nossas lutas também incluem aposentadoria especial, lei do dimensionamento, combate ao assédio e garantia de condições dignas. Só vamos conquistar avanços se estivermos unidos.”
Com milhares de profissionais reunidos em Salvador, o congresso reforça a importância da articulação nacional da enfermagem e o protagonismo da categoria para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).